A Compostagem Caseira
A compostagem é um processo natural
de transformação dos resíduos provenientes do jardim e da cozinha
(resíduos orgânicos) numa substância rica em matéria orgânica,
chamada composto, ideal para ser usada nos vasos ou canteiros, em
substituição dos adubos químicos.
A
compostagem é uma forma de eliminar metade do problema dos resíduos
sólidos urbanos (RSU), dando um destino útil aos resíduos
orgânicos, evitando a sua acumulação em aterro
e melhora a estrutura do solo, devolvendo à terra os nutrientes de
que necessita. Este processo permite tratar os resíduos orgânicos
domésticos (restos de comida e resíduos de jardim) bem como os
resíduos provenientes da limpeza de jardins e parques públicos.
A
compostagem não é uma técnica recente, tendo vindo a ser praticada
pelos agricultores e jardineiros ao longo dos séculos. Matéria
vegetal, estrume, restos de cozinha e outros tipos de resíduos
orgânicos são amontoados em pilhas num local conveniente e deixados
a decompor e estabilizar até estarem prontos para serem devolvidos
ao solo ou até que o agricultor necessitasse de fertilizar o solo. A
recente preocupação com a redução de resíduos e a produção de
alimentos
biológicos levou a um renovado interesse na compostagem doméstica
de pequena escala, bem como em sistemas
de compostagem centralizadas e de larga escala, municipais e
comerciais.
O
que são resíduos orgânicos
São restos provenientes quer da
cozinha como cascas de legumes e de fruta, sacos de chá, quer do
jardim como as aparas de relvas, folhas secas ou ramos das podas das
árvores, tal como acontece na Natureza, são transformados pelos
microrganismos.
Vantagens
da compostagem
- Obter, sem custos, um óptimo adubo natural para as plantas;
- Redução do volume de resíduos no seu balde do lixo, indo menos vezes despejá-lo;
- O uso do composto torna o solo mais saudável, aumentando a sua capacidade de retenção de água e a sua porosidade, permitindo-o respirar;
- O composto fornece ao solo nutrientes, microrganismos e outros organismos animais e vegetais, permitindo fortalecê-los contra pragas e doenças nas plantas;
- Quanto mais variados forem os materiais utilizados para fazer o composto, maior a variedade de nutrientes que o seu composto fornecerá;
- A utilização do composto permite diminuir ou eliminar a aplicação de adubos e pesticidas sintéticos, reduzindo a contaminação da água e do ar;
- Ao aproveitar os resíduos orgânicos é diminuída a quantidade do lixo que é depositado em aterro, aumentando o seu tempo de vida útil;
- Envolvimento dos cidadãos para ajudar a mudar estilos de vida.
Como
fazer um compostor?
Se tiver
um quintal basta amontoar o material a compostar, dando-lhe a forma
de uma pilha/pirâmide, com aproximadamente 2 m de diâmetro na base
e pelo menos um metro de altura. Pilhas com dimensões mais reduzidas
não aquecem o suficiente para que o processo de decomposição
ocorra de forma adequada.
Uma
outra forma de reciclar os resíduos orgânicos sem usar um compostor
consiste em escavar um buraco na terra com cerca de 60 cm de diâmetro
e 25/40 cm de profundidade e aí colocar os resíduos orgânicos,
cobrindo-os de seguida com uma camada de terra ou folhas secas.
Podemos ainda construir o nosso
próprio compostor. Para uma família de 3 a 5 pessoas e com um
quintal de 200 a 500 m2 recomenda-se que o recipiente possua 1 x 1
metro de base e cerca de 1 metro de altura, sendo a madeira o
material indicado.
A ideia base é fazer um recipiente
tipo “caixa de fruta”, em ponto grande, com abertura dos lados,
sem fundo e sem cobertura. As aberturas de lado são essenciais para
deixar passar o ar.
Um dos lados do recipiente deve
poder retira-se facilmente para, quando o composto estiver pronto, se
poder tirar facilmente com uma pá.
No
entanto, numa realidade ambiente urbana em que o espaço disponível
para a compostagem pode ser reduzido, um compostor apresenta
vantagens a nível estético e prático, além de ajudar a reter o
calor. Se optar pelo uso de um compostor, pode construí-lo com
recurso a poucos materiais e ainda menos dinheiro, ou então
adquiri-lo comercialmente.
Como
fazer um compostor?
Um
buraco na terra com 60 cm de diâmetro e 25 a 40 cm de profundidade.
Compostor
duplo
No
interior de um caixote de lixo colocar 2 tijolos e um outro caixote
pequeno por cima dos tijolos. O segundo caixote deve estar perfurado
por baixo e nos lados.
Compostor
de madeira
Um
recipiente tipo caixa de fruta com tampa e com as dimensões de 1 m x
1 m x 1 m em cada cuba (pode fazer com uma, duas ou três cubas).
Para facilitar o manuseamento as tábuas da frente podem ser
amovíveis. Para isso basta fazer um encaixe com ranhura. Os lados
também podem ser de rede.
Compostor
de rede
Rede
metálica ou plástica com 2 a 3 cm de malha. A rede é colocada em
forma de cilindro com 1 m de altura e 80 cm de diâmetro. Estacas de
madeira são utilizadas para manter a rede de pé. Este compostor é
utilizado somente para resíduos de quintal/jardim.
Um quadrado com 1
m x 1 m é riscado na terra. As paredes, de 20 cm de espessura, são
construídas com ramos, terra, torrões de relva ou qualquer outra
coisa que tenha à mão, entrelaçados nos cantos. As paredes são
aproximadamente 1 m de altura.
O
material a compostar é amontoado em forma de pirâmide ou encostado
a um muro. A pilha deve ter aproximadamente 2 m de diâmetro por 1 m
de altura.
Alternativamente
pode adquirir um compostor.
Ao fazê-lo deve ter em atenção:
- a capacidade adequada à sua
produção de resíduos;
- a durabilidade;
- a garantia; e
- o custo.
- a durabilidade;
- a garantia; e
- o custo.
Escolher
o local
O
seu compostor ou pilha de compostagem deve estar suficientemente
próximo de casa, num local com fácil acesso e água perto para
facilitar a rega. Se possível, reserve um local próximo do
compostor para armazenar temporariamente os resíduos antes de os
adicionar ao processo.
A
localização ideal de uma pilha de composto é debaixo de uma
árvore, que proporciona sombra durante uma parte do dia e evita a
secagem e arrefecimento do composto.
Se
possível coloque o compostor em cima da terra e não numa superfície
impermeabilizada, porque além de possibilitar a drenagem da água
facilita a entrada de
microrganismos benéficos do solo para a sua pilha.
Materiais
que não podem ser compostados
Os
materiais orgânicos que podem ser compostados classificam-se de uma
forma simplificada em castanhos e verdes; os castanhos são aqueles
que contêm maior proporção de carbono, como a palha, a serradura e
a relva seca e os verdes são os que têm maior proporção de azoto,
como os restos de cozinha e relva fresca. Para que a
compostagem decorra da melhor forma, convém ter a maior
diversidade
de resíduos possível, numa proporção aproximadamente igual de
castanhos e verdes.
COMPOSTÁVEIS
|
NÃO
COMPOSTÁVEIS
|
Resto
de podas e jardinagem
|
Latas
|
Cascas
de árvores
|
Vidros
|
Arbustos
e árvores
|
Plásticos
|
Feno
|
Pilhas
|
Folhas
secas
|
Remédios
|
Serragem
|
Produtos
químicos em geral
|
Restos
e cascas de frutas,
legumes e verdura |
Cebolas
doentes
|
Pó
de café
|
Papel
colorido
|
Saquinho
de chá
|
Fezes
de animais domésticos
|
Bagaço
de cana
|
Restos
de carne e queijo
|
Algas
|
Sementes
|
Cinzas
(madeira, não carvão)
|
Ossos
|
Húmus
|
|
Areia sanitária para gatos (não usada) |
|
Cascas
de ovo
|
|
palha
| |
Aparas
de relva
|
|
Não
junte carne, peixe, ossos, lacticínios e gorduras porque podem
atrair animais indesejáveis. Excrementos de animais também não
devem ser compostados, porque podem conter microrganismos patogénicos
que podem sobreviver ao processo de compostagem. Os resíduos de
jardim tratados com pesticidas também não devem ser compostados,
tal como plantas com doenças. Se aplicar
o composto
para fertilizar a horta, deve evitar compostar ervas daninhas já
com semente.
Manutenção
da pilha de compostagem
Depois
de escolher o local e o compostor
mais adequada às suas necessidades e disponibilidades, pode começar
a compostagem
propriamente dita.
No
início, colocar no fundo do recipiente de compostagem uma camada de
palha ou ramos cortados em pedaços pequenos, para permitir que o ar
penetre nas camadas inferiores do composto e para haver drenagem de
modo a evitar que o composto fique encharcado.
Depois
colocar uma camada de resíduos castanhos e um pouco de terra.
Por
cima coloque uma camada de resíduos verdes que podem, por exemplo,
ser resíduos de cozinha ou de relva verde.
Convém
que ao despejar os restos de comida, estes estejam misturados e
ligeiramente cobertos com os resíduos provenientes do quintal
(aparas de relva, folhas...) a fim de garantir que as moscas não
sejam atraídas para o composto. Assim, é aconselhável que os
restos das podas, as folhas e outros resíduos orgânicos do quintal
sejam colocados ao lado do compostor, para serem posteriormente
misturados com restos de cozinha.
Cubra
com outra camada de resíduos castanhos, mas não precisa de
adicionar mais terra. Uma pequena quantidade de terra contém
microrganismos suficientes para iniciar o processo de compostagem.
Logo
que os resíduos orgânicos são colocados no recipiente de
compostagem inicia-se o processo de decomposição através da acão
das bactérias. Além
disso, os próprios resíduos que adicionar também contêm
microrganismos.
Se
adicionar uma grande quantidade de terra estará a diminuir o volume
útil do compostor e a compactar os materiais, o que é indesejável.
Regue
cada camada de forma a manter um teor de humidade adequado. Para
determinar se o teor de humidade é adequado pode usar um teste muito
simples conhecido como " teste da esponja": se espremer uma
pequena quantidade de material a compostar deve ficar com a mão
húmida mas não a pingar.
Repita
este processo até obter cerca de 1 m de altura. As camadas podem ser
adicionadas todas de uma vez ou à medida que os materiais vão
ficando disponíveis.
A
última camada a adicionar deve ser sempre de resíduos castanhos,
dado que estes diminuem os problemas de odores e a proliferação de
insetos e outros animais indesejáveis.
O
que pode dar errado na compostagem
A
compostagem é um processo que ocorre naturalmente e desde que siga
algumas regras básicas, tal como é explicado na tabela abaixo
indicada, não terá problemas.
PROBLEMA
|
CAUSA
POSSIVEL
|
SOLUÇÃO
|
Processo
Lento
|
Demasiados
resíduos de arvores e arbustos
|
Adicionar
matéria orgânica e revirar a pilha
|
Cheiro
a podre
|
Humidade
em excesso
|
Revire
a pilha, adicione materiais secos e porosos como folhas secas,
serradura, aparas de madeira ou palha.
|
Compactação
|
Revire a
pilha ou diminua o seu tamanho.
Evite
colocar grandes quantidades de óleos ou cinzas na pilha.
| |
Cheiro
a amónia
|
Demasiados
materiais verdes (aparas de relva, arbustos, etc.)
|
Adicione
materiais castanhos (carbono), como folhas secas, aparas de
madeira ou palha.
|
Temperatura
muito baixa
|
Pilha
demasiado pequena
|
Aumente
o tamanho da pilha e isole-a lateralmente.
|
Humidade
insuficiente
|
Adicione
água quando revirar ou cubra a parte superior da pilha.
| |
Arejamento
insuficiente
|
Revire
a pilha.
| |
Falta
de materiais verdes (falta de azoto)
|
Adicione
materiais verdes, como aparas de relva, estrume ou restos de
comida
| |
Clima
frio
|
Aumente
o tamanho da pilha ou isole-a com um material, como por exemplo,
a palha.
| |
Temperatura
muito alta
|
Pilha
demasiado grande
|
Diminua
o tamanho da pilha.
|
Arejamento
insuficiente
|
Revire
a pilha.
| |
Pragas
|
Presença
de restos de carne ou de restos de comida com gordura.
|
Retire
este tipo de alimentos da pilha e cubra com uma camada de solo,
folhas ou serradura, alternativamente use um compostor à prova
de roedores ou revire a pilha para aumentar a temperatura.
|
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Aplicação
do composto/compostagem
O
composto quando acabado não se degrada mais, mesmo depois de
revolvido. Os
componentes iniciais não são reconhecíveis e o que sobra é uma
substância com cheiro a terra, semelhante a um solo rico em
substâncias orgânicas. O composto pode ser usado na horta, jardins, à volta das árvores ou mesmo em plantas
envasadas.
Este
fertilizante melhora a estrutura e porosidade dos solos, quer
arenosos quer calcários, permitindo uma melhor retenção de água e
nutrientes e um melhor arejamento. Apesar de o
composto ser muitas vezes classificado como um corretor de solos e
não um fertilizante, contém nutrientes que são libertados para o
solo a um ritmo compatível com as necessidades das plantas, ao
contrário dos fertilizantes químicos que disponibilizam os
nutrientes de uma forma quase instantânea e não adaptada às
necessidades nutricionais das plantas.
Quando
o composto estiver pronto deve retirá-lo da pilha de compostagem.
Deixe o composto repousar 2 a 4 semanas antes da sua
aplicação, especialmente em plantas sensíveis. Esta fase de
repouso é designada por fase de maturação.
O
composto é geralmente aplicado uma vez por ano, na altura das
sementeiras. É preferível aplicá-lo na Primavera ou no Outono,
altura em que o solo se encontra quente. No Verão seca demasiado e,
no Inverno, o solo está demasiado frio.
Se
tiver apenas uma pequena quantidade de composto, espalhe-o por cima
da terra no rego onde pretende semear ou plantar as horticulas. Se tiver composto em
quantidade, pode espalhá-lo em camadas de 1 a 2 cm de espessura
misturado com o solo, mas sem enterrar. Pode também usar o composto
para fertilizar as árvores, espalhando o composto em camadas
de 2 cm à volta das árvores.
Se
pretender usar o composto em plantas envasadas, não coloque mais do
que 1/3 do composto por vaso. Misture 1/3 de composto com 1/3 de
terra e 1/3 de areia, para obter um bom meio de crescimento para as
suas plantas.
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